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Pseudo-Enfermeira

20 anos. Estudante de enfermagem com os nervos em franja.

Pseudo-Enfermeira

Partos e coisas que tais.

with love, nurse, em 23.02.17

Eu tenho mais sorte que juízo e hoje tive a oportunidade de assistir a um parto "normal" e uma cesariana. Vamos começar do mais triste para o mais feliz e como tudo deveria ser.

Chegou à sala de partos uma senhora que veio da consulta externa por o CTG ter acusado que o bebé estava em bradicardia, ou seja, os batimentos cardíacos estavam a 70/80 quando deviam estar 140/150. A partir daí só vi médicos e enfermeiros a voar à frente dos meus olhos, eram CTG's, Ecografia... Até que o médico saí da sala e diz "Já chega, vamos tirar esse miúdo daí e é agora, já para o bloco operatório". Eu e mais dois internos fomos atrás de todos aqueles médicos e enfermeiros para o bloco, perdi a conta de quantas pessoas estavam naquela sala mas eram imensas e todas com caras fechadas e preocupadas. Entre a parte de cortar a barriga e tirarem o bebé foram no máximo uns 5 minutos e fiquei com o coração apertado. É tudo tão bruto, tão "puxa aqui/agarra aí/olha os ombros/agarra-lhe na cabeça e puxa" e vejo um bebé completamente roxo/azulado a sair de lá de dentro, um bebé que não chorava, até que começam a abana-lo, a esfrega-lo, a aspirarem secreções, que ele dá um pequeno choro, mas não um choro normal para um recém-nascido. Levaram-no para uma sala e eu fui atrás, vestiram-no e deixaram-no estável debaixo de uma fonte de calor. Eu olhei para ele e ele estava ali, sozinho, pequenino e frágil. Fiquei ao lado dele e dar-lhe mimos na esperança que ele soubesse que alguém estava ali, mesmo que não fosse a mãe dele. Acabou o turno e fui embora sem saber ao certo como ele ficará, fiquei com o coração tão pequenino que só ele e dei por mim a rezar que hoje não fosse o dia que tivesse de ver um bebé a morrer. Sinceramente não sei se ia aguentar.

Logo a seguir à cesariana, vi um parto normal e fiquei surpreendida por tudo ser tão rápido a partir do momento em que o bebé começa a sair. A única coisa que não gostei foi de ver a episiotomia (o corte que se faz na vagina para o bebé poder passar) e o tamanho que aquilo tem. Mas foi bonito, saiu um bebé gordinho e saudável.

Como todos pensavam, eu não me emocionei, não tive vontade de chorar de ser algo tão "bonito", na verdade fiquei sem vontade de ter filhos. Espero que um dia me esqueça disto e de como de 10 em 10 minutos alguém decide fazer o toque para ver como o bebé está.

Há momentos em que não gosto da profissão que escolhi, e ver um bebé entre a vida e a morte foi um deles.

Obstetrícia

with love, nurse, em 16.02.17

Hoje foi o primeiro dia de estágio. Começou logo muito bem ao quase cair para o lado na passagem de turno, não percebi muito bem o que aconteceu, simplesmente comecei a sentir um mal estar incontrolável e uma sensação de claustrofobia, acho que foi pelo calor e pela quantidade de enfermeiros dentro do gabinete.

Resumidademente, tenho um horário fixo, o que para mim é o fim do mundo em cuecas, de-tes-to fazer só e exclusivamente manhãs, devia ser considerado tortura.

Pelo primeiro dia já sei que vou aborrecer-me imenso neste estágio porque é sempre a mesma coisa, repetidamente, todos os dias.

Adoro bebés e adoro pegar-lhes, mas todos os santos dias nisso e sem quaisquer novidades não obrigado. 

Pelo menos tenho uma boa tutora, nem tudo é mau.

hey stranger

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